quarta-feira, 22 de agosto de 2007

First life

Publicitários passam cada vez mais tempo nas agências,não convivem com outras pessoas e ficam menos inspirados para criar.
Por Cezar Calligaris

Muita gente que trabalha em propaganda tem feito uma autocrítica: a propaganda brasileira não é mais a mesma. Falta a emoção, faltam aquelas campanhas memoráveis que nos faziam rir, chorar e ficar cantarolando o jingle. Em internet, isso é ainda pior: Você se lembra de uma campanha online brasileira que entrou para a história Daquelas que sua família comenta com você no almoço de domingo?

Existem muitos motivos para isso: a pressão por resultados, a impossibilidade de errar, a quantidade enorme de idéias que é usada todos os dias. Mas um dos grandes motivos que tenho visto é a falta de first life nas agências. Uma idéia é semelhante a uma receita. Você pode fazer desde um prato básico que funciona até experimentar algo novo que surpreende. Mas para conhecer os "ingredientes" que estarão no seu anúncio ou campanha, você precisa ter referências na vida real. Algo que os publicitários têm cada vez menos tempo para buscar.Passando cada vez mais tempo nas agências, não sobra tempo para conviver com outras pessoas e, consequentemente, ter emoções e sentimentos. Imagine quantas boas idéias aparecem, por exemplo, do convívio com um filho? Em uma ida a um restaurante, observando as pessoas ao seu redor? Até mesmo a tristeza pode ser inspiradora - quantas músicas incríveis não vieram desse sentimento?

Com a falta de tempo, as pessoas também não conseguem buscar referências em seus momentos de lazer: um fillme, uma peça, uma exposição, até mesmo uma revista de fofocas. O máximo que conseguem fazer é trocar playlists no trabalho para ouvir as músicas que os outros estão ouvindo.

Outro ponto que faz muita falta é a atualização. Olhe para as pessoas que trabalham perto de você. Pergunte qual o último curso que fizeram. Se têm a intenção de fazer uma pós-graduação. Médicos e advogados estão sempre se atualizando para ficar por dentro das novidades. E os publicitários? Existe mais um fator, muito polêmico, que envolve duas gerações de publicitários. Os publicitários de uma geração reclamam que não existe mais o conceito, o rascunho. Dizem que tudo é feito na tela do computador, na base do acerto e erro, e que por isso perde-se tempo na execução ao invés de perder na concepção. Os publicitários da nova geração defendem-se dizendo que é o modo deles pensarem.

Além da falta de campanhas marcantes, um grande sintoma de todos esses fatores são as coincidências: com fontes de referência em comum, ou com a falta dessas fontes, os trabalhos acabam mesmo muito parecidos.

Quem não lê, não escreve. Quem não folheia livros de arte não consegue fazer um bom layout. O Google, por exemplo, permite que seus funcionários usem até 20% do seu tempo de trabalho em projetos pessoais. Claro que as agências não podem se dar a esse luxo, mas não é uma idéia interessante colocar um pouco mais de first life em nossa vida?

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Grandes verdades parte III

Essa é clássica:

"Diga-me com quem crias e te direi se presta".

As mentiras que os atendimentos contam...

Quinta-feira, meio da tarde, uma atendimento e um diretor de arte conversam:- Será que tem como essa campanha estar impressa pra eu mostrar pro cliente amanhã?
- Se eu parar o que eu tô fazendo e pegar nisso, dá.
- Ok. Então eu vou de manhã a uma reunião e meio-dia isso vai estar na minha mesa, certo?
- Certo...
>> E começa a corrida<<
O pobre diretor de arte parte para abrir a campanha que tem mil peças, ajeita uma por uma, grava um CD com tudo, sai super tarde da agência, pega dois ônibus pra não ir andando por um caminho deserto, acorda cedíssimo, chega na copiadora antes de abrir, liga de lá para a agência e confere uns dados com a produção, imprime, vem de ônibus com um saco cheio de papel e incrivelmente consegue chegar no seu horário normal na agência para refilar e montar tudo.
>> Ufa!<<
Um atendimento que estava de passeio pela agencia acha um errinho de digitação e uma informação que deveria ter sido tirada, mas que ele se passou ao entregar o briefing, observa tudo e faz uns elogios.- Que horas é mesmo essa reunião? Pergunta, despretensiosamente, o diretor de arte- Ah rapaz, relaxe. Isso é pra segunda-feira...
As mentiras que os atendimentos contam parte 2
Quinta-feira, 9 da manhã, uma atendimento passa as instruções do dia para a redatora:
- Olha, o cliente comprou a nossa idéia. Agora vamos ter que fazer um projeto de captação de patrocínio, certo? -
Oh, que massa. Pra quando é?
- Olha, eles querem imprimir 50 unidades amanhã, só tá faltando eles mandarem um informação para acrescentar, mas vá fazendo o resto e peça pro diretor de arte adiantar a parte dele também.
>> A redatora volta para a criação passa a batata quente pro diretor de arte, e começa a parte dela. Fecha o navegador de internet e o msn pra se concentrar. O rapaz faz uma arte simplezinha, começa a olhar torto pra redatora que a ainda não entregou sua parte e tenta iniciar uma discussão sobre o tamanho que o texto deve ter. A redatora tenta adiantar agoniada, faz uma pesquisa na net para ajudar, come na frente do pc e entrega às 14h o texto pronto pro diretor de arte, depois uma revisão meia-boca. O diretor de arte coloca o texto, faz umas ilustrações pra ficar de firula e dá por terminado às 16h30. Horas depois, eis que surge a atendimento:
- E aí gente, tudo pronto?
- Tá sim, só falta a parte que o cliente ficou de mandar.
- Vixe, é mesmo? Mande esse material pro meu e-mail que eu encaminho pra eles já irem vendo a arte e o resto do texto e aproveito para cobrar o que falta.
- Tá bom.
>> São dez para uma da tarde de sexta. A atendimento ainda não apareceu, o cliente não mandou o material e eu poderia apostar que esse material não sairá hoje.
Foi tudo pela adrenalina, só pode ser.
Pastel frito por:
Thai - redatora da Bahia

Coisas que queria ter feito - Parte I






Grandes verdades parte II

"Um splash é como uma bicha passeando no shopping: todo mundo vê, mas ninguém quer."

(Thiago Sabadini, diretor de arte da SetteGraal)

Time after Time

Assistente de Atendimento (AA) e Diretor de arte (DA):

10:30
- Ó, abra o arquivo aí que o cliente tá chegando, aí para não demorar muito, ele ficar aqui do seu lado, etc.

- ...tá (ô meu Deus... esses mil arquivos vão comer minha memória).


11:00
- Ó, o cliente disse que não vem mais não, viu?

-...

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Demo Cracia

- O que você achou? Eu achei massa, mas mudaria isso de amarelo para azul...

- Eu também achei lindo, mas trocava essa foto do cara sorrindo por uma girafa...

- Tá muito legal mesmo! Acho que mudando esses detalhes e alterando o material da vertical para a horizontal fica show!

.

Eu ODEIO democracia...

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Grandes verdades parte I

O setor de criação é como cozinha de restaurante: cliente pode entrar, mas ninguém fica convidando-o para isso.

Polpa que o Pariu

Esta fritura é em tempo real.

Estou agora desde às 9:18h fazendo um material para hoje. Alguns rótulos que foram mudados DO NADA PARA HOJE.

Pra variar, não almocei ainda.

Preciso aturar um cpu lento, o Corel Draw - Aqui se usa isso - e um cliente dizendo que eu estou com preguiça de procurar um açaí no Google "que lá tá cheio".

Puta que o pariu.

Eu não tenho mais paciência de explicar o que é resolução de imagem para cliente, o que faz computador demorar...

Eu preciso URGENTE pular para outra banquinha.